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Fibra de colágeno bovino é testada
como emulsificante em alimentos

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Rejane de Castro Santana, autora do estudo: obtendo estabilidade e textura desejáveis (Fotos: Antoninho Perri)A engenheira de alimentos Rejane de Castro Santana avaliou o potencial do uso da fibra de colágeno como emulsificante em alimentos e buscou entender e melhorar as suas propriedades, visto que as emulsões são amplamente utilizadas em alimentos como o leite, maionese, sorvete, bebidas lácteas e produtos cárneos. Segundo os resultados, a fibra de colágeno de origem bovina mostrou-se um ingrediente natural com propriedades emulsificantes e estabilizantes adequadas para diversas condições de processamento.

“A fibra estudada possui propriedades como retenção de água e capacidade de formação de géis e pode, juntamente com o efeito emulsificante, ser bastante atrativo como um ingrediente alimentar. Além disso, existe enorme disponibilidade desta matéria-prima no país, considerado um dos grandes produtores mundiais de carne bovina”, destaca a autora do estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e orientado pela professora Rosiane Lopes da Cunha.

A título de esclarecimento, o exemplo mais próximo que se tem do colágeno é a sua utilização na composição da gelatina. No entanto, as propriedades tecnológicas da fibra diferem da gelatina, apesar de ambos serem originários da mesma matéria-prima. A fibra de colágeno, explica Rejane, é utilizada na fabricação de produtos cárneos por sua função texturizante e estabilizante. Esta prática já é adotada pela indústria de alimentos há alguns anos, pois a substituição da carne gorda ou magra em embutidos suínos ou bovinos até o nível de 20% por colágeno não prejudica as propriedades funcionais do produto final e os requerimentos nutricionais da dieta.

Segundo Rejane, era necessário encontrar um ingrediente adequado, uma vez que um dos grandes desafios no desenvolvimento das emulsões seria alcançar estabilidade e textura desejáveis por um período longo, visto que as emulsões se caracterizam pela elevada instabilidade. Para se conseguir a formulação adicionam-se dois tipos de ingredientes, os emulsificantes e estabilizantes. Durante o estudo, a engenheira de alimentos avaliou emulsões estabilizadas por diferentes tipos de ingredientes à base de colágeno – tanto a fibra já comercializada e a fibra tratada termicamente em diferentes condições –, concentração de proteína, condições de pH e processo de homogeneização.

O objetivo foi estabelecer a melhor condição que garantiria estabilidade, textura e estrutura adequadas às emulsões. Há que se destacar que a maior parte das proteínas não é um bom estabilizante/emulsificante em determinadas condições de acidez frequentes em certos alimentos, como bebidas e produtos lácteos.

O processo de homogeneização a altas pressões reduziu significativamente o tamanho das gotas de óleo das emulsões, produzindo emulsões mais estáveis, porém menos viscosas e menos estruturadas. “Isto significa que o uso de novas tecnologias e ingredientes estabilizantes e emulsificantes podem viabilizar a produção de emulsões estáveis com diferenciadas propriedades físico-químicas e de textura, sabor e aparência”, avalia.

 

 
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