Método
desenvolvido pela engenheira de alimentos Rachel Virginia
Carvalho de Campos Bueno injeta fibra natural de colágeno
em cortes de carnes antes que sejam processados. O procedimento
mantém a suculência e evita a perda excessiva da água após
o cozimento do produto. Afinal, quem um dia não constatou
que determinada peça de carne bovina teve seu tamanho reduzido
depois de cozida?
Para os testes da pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia
de Alimentos (FEA), Rachel utilizou o Cooked Frozen Beef”
– ou CFB como é conhecido –, produto que está entre os mais
exportados no segmento de carne industrializada do Brasil
– de janeiro a setembro de 2008, o setor foi responsável
por 15% de todas as exportações efetuadas no país. “O Cooked
Frozen Beef” é produzido no Brasil quase que exclusivamente
para exportação e não existem trabalhos publicados que contemplem
a otimização do processamento”, destaca a engenheira.
O estudo foi orientado pelo professor Pedro Eduardo de
Felício e apresenta uma alternativa aos ingredientes utilizados
tradicionalmente neste processo. Segundo Rachel, a pergunta
que se fez foi por que não usar uma proteína de origem animal
para melhorar a capacidade de retenção de água em lugar
dos carboidratos vegetais.
A fibra de colágeno ofereceu vantagens no rendimento do
processo. Elas superam, e muito, os ingredientes atuais,
pois apresentam alta capacidade de retenção de água. Rachel
explica que o colágeno melhora a funcionalidade protéica
porque ocorre o fenômeno de imobilização da água livre,
fator que aumenta a estabilidade final do produto e reflete
positivamente no seu rendimento após a cocção. Como se trata
de um produto de origem animal, a outra vantagem é que,
adicionado aos produtos cárneos, atua como um ingrediente
e não como um aditivo.
A fibra natural NovaProm é um produto industrializado a
partir da superfície interna da pele bovina, após passar
por processos que viabilizam a sua utilização como alimento
para consumo humano, ao mesmo tempo que conserva a estrutura
fibrosa inicial da proteína de colágeno, que é desejável
do ponto de vista tecnológico na elaboração de produtos
cárneos.
Rachel salienta que esta pesquisa constituiu um importante
instrumental para a indústria brasileira exportadora de
carne, uma vez que, para a carne “in natura”, a incorporação
de cortes embalados a vácuo e refrigerados incrementa a
margem de lucro, mas para a carne industrializada, o rendimento
do processo é que define a receita industrial.
Uma outra contribuição importante do trabalho diz respeito
ao crescente mercado de produtos prontos para consumo. São
aqueles pratos acondicionados em invólucros retort pouches,
que permitem aquecimento na própria embalagem. Para Rachel,
a qualidade é fundamental para que o setor produtivo tenha
capacidade competitiva e aproveite as oportunidades de expansão
do mercado de carne bovina impulsionadas pela globalização.
A realização da pesquisa, segundo o professor Pedro Felício,
só foi possível graças ao apoio técnico do Grupo Bertin,
que cedeu as instalações das suas unidades no Frigorífico
Bertin e na NovaProm Food Ingredients Ltda.