Bernardo
Caro não tinha compromisso somente com a estética. Suas
séries Homens x Protesto, Mulheres x Protesto, assim como
a obra Silencioso Lembrar Negro, revelam a dedicação do
artista plástico à produção de obras de caráter crítico-social.
E 25 peças produzidas pelo artista nas décadas de 1960 e
1970 estão expostas, desde o último dia 6, na Galeria de
Arte da Unicamp, na mostra Arte como protesto: a obra e
Bernardo Caro nas décadas de 1960 e 1970. A exposição é
parte do projeto de iniciação científica “Bernardo Caro:
vanguarda campineira nos anos 60 e 70”, de Nara Vieira Duarte,
quartanista do curso de artes plásticas, orientado pela
diretora-associada do Instituto de Artes, professora Maria
de Fátima Morethy Couto. Aluna e orientadora dividem a curadoria
da exposição, que se estende até 12 de dezembro.
As
obras expostas, segundo Nara, referem-se a um período de
questionamentos sobre a censura, a repressão, a sociedade
e até as convenções artísticas. São obras de caráter crítico-social,
que, invariavelmente, questionavam os atos do regime militar
instalado no país. Estão reunidas na galeria antigravuras,
pinturas e instalações, como Meninos de Papelão, premiada
na Bienal Internacional de São Paulo (1973), que Nara reconstitui
na Galeria de Arte.
Nara não conheceu Caro em vida, mas orgulha-se de poder
desenvolver seu projeto a partir do trabalho de um artista
campineiro, que teve papel importante na história do país
e que compõe o grupo de vanguardistas da cidade. O trabalho
é parte de um projeto maior, coordenado por Maria de Fátima,
intitulado Vanguarda Campineira: 1960 a 1970, que tem como
objetivo o entendimento do diálogo estabelecido entre o
movimento local e a vanguarda nacional.
Além
da relação com os projetos, segundo Maria de Fátima, as
obras expostas foram escolhidas por corresponderem a um
período importante para Bernardo Caro, no qual o artista
recebeu muitos prêmios em salões e bienais nacionais e internacionais.
“Foi um momento em que ele se lançou com paixão no campo
da arte de cunho experimental”, acrescenta Fátima.
Para Fátima e Nara, além de prestar uma homenagem ao artista,
proposta que já fazia parte da programação da Galeria de
Arte, a mostra é uma oportunidade de lançar o projeto Vanguarda
Campineira para a comunidade.