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o americano Hermann Hollerith desenvolveu, em 1890, o primeiro
computador mecânico para realizar operações
matemáticas em curto espaço de tempo, talvez
não imaginasse que sua máquina traria tanta
contribuição para o avanço da ciência.
De lá para cá, as partes mecânicas daquele
invento foram sendo substituídas por componentes elétricos
e, posteriormente, os relés, as válvulas e os
transistores dariam lugar ao chip, que permite o avanço
dos microprocessadores, base dos microcomputadores. Exatos
100 anos depois, em 1990, chegou o Projeto Genoma Humano,
que tem no computador sua ferramenta mais importante para
análise e administração da gigantesca
quantidade de dados resultantes do seqüenciamento de
genes.
Ciências
biológicas e computador. A necessidade desta combinação
deu origem à bioinformática. E a bioinformática
brasileira nasceu no Instituto de Computação
(IC) da Unicamp. Agora, neste início de século,
a Universidade sai na frente novamente, com um projeto pioneiro
no Brasil, criando disciplinas de especialização
em biologia computacional, por meio de uma parceria entre
os Instituto de Biologia (IB) e o IC.
A área
de bioinformática no País é extremamente
carente de profissionais, apesar do pesado investimento em
Genômica feito na última década pela Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo). Para a primeira turma na Unicamp foram
selecionados 82 alunos, sendo 54 do curso de biologia molecular
e 28 da computação. O propósito é
formar profissionais com conhecimento e prática comuns
nessas duas especialidades: biologia e informática.
É
um projeto simples e objetivo, afirma o professor Paulo
Arruda, do Departamento de Genética do IB. O
curso é resultado de um processo natural, em virtude
das exigências do mercado de trabalho, acrescenta.
O diretor do Instituto de Computação, Ricardo
Anido, acha que este curso oferece um grande atrativo
para o estudante de computação da Unicamp, devido
ao aspecto eclético, estando fora das áreas
normais de ensino da Instituição.
Com essas
disciplinas de especialização, pretende-se agregar
alunos de biologia e de computação para que
aprendam a manipular informações sobre bioinformática
não apenas dentro de projetos desenvolvidos pela Fapesp,
mas também em áreas importantes que possam ser
abertas na indústria farmacêutica, de
biotecnologia, de diagnóstico e outros ramos em expansão
no mercado.
Grande
demanda Apesar do espaço dado pela mídia
às recentes conquistas do Projeto Genoma e à
anunciada falta de profissionais em bioinformática,
a procura pelo curso aberto na Unicamp surpreendeu. Dentro
do projeto, estudantes de exatas e biológicas lecionam
disciplinas em ambos os institutos, obtendo uma formação
como profissionais em bioinformática. É
claro que se trata de um curso ainda a ser aprimorado, conforme
as dificuldades e falhas forem aparecendo, até alcançarmos
um formato ideal. Mas não há dúvida de
que é um curso de futuro promissor, salienta
o professor Ricardo Anido.
O Instituto
de Biologia está ministrando duas disciplinas aos estudantes
de exatas: Biologia Molecular para Ciências Exatas I
e II. Nelas são detalhados os conhecimentos de genética
molecular e bioquímica empregados nos Projetos Genoma.
Caberá ao Instituto de Computação oferecer
três disciplinas para os alunos da área de biológicas:
Algoritmos e Programação de Computadores, no
primeiro semestre deste ano, e Tópicos em Ciências
da Computação/Estrutura de Dados, no segundo.
Essas matérias deverão proporcionar uma visão
abrangente das ferramentas computacionais de bioinformática.
Informações
sobre o curso www.cbemeg.unicamp.br/bd590