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......ANO
XV -Nº 161 - Abril 2001 |
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Forja
de atletas
Conheça
as atividades do Colégio de Ciências
do Esporte, que hoje é referência nacional
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que
dizer da atuação do Brasil nos Jogos Olímpicos
de Sydney no ano passado? As doze medalhas (seis de prata
e seis de bronze) conquistadas pelo país podem ser
consideradas um bom resultado? É papel da Educação
Física escolar forjar atletas para melhorar o desempenho
olímpico nacional? Temas como esses, polêmicos
e apaixonantes como o próprio esporte, constituem fonte
de pesquisa e universo de debates de uma instituição
sediada desde setembro de 1999 na Faculdade de Educação
Física (FEF) da Unicamp. O Colégio Brasileiro
de Ciências do Esporte (CBCE) é uma sociedade
de caráter científico que congrega, entre seus
cinco mil sócios, profissionais e estudantes de diferentes
áreas do conhecimento, com interesse comum pelo desenvolvimento
das ciências do esporte.
Fundado
em 1978 e filiado à Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), o CBCE tornou-se referência
nacional na discussão, reflexão e difusão
de conhecimento científico na área de Educação
Física, responsável pelos estudos originários
tanto das disciplinas vinculadas às ciências
biológicas quanto daquelas localizadas nas ciências
humanas das práticas sociais configurativas
da cultura corporal da mulher e do homem modernos. O CBCE
tem contribuído ainda, por meio de diferentes iniciativas,
para aprimorar a formação profissional e acadêmica,
estimulando a produção científica e qualificando
a intervenção dos sujeitos individuais e coletivos
nos distintos segmentos da sociedade brasileira.
O
CBCE não produz conhecimento, mas congrega profissionais
que o produzem e propicia formas para difundi-lo. Também
não operacionaliza as políticas para o setor,
mas as discute e define os parâmetros teóricos
para a intervenção prática, explica
Lino Castellani Filho, presidente da entidade e professor
da FEF.
Atividades - Os congressos brasileiros de ciências do
esporte promovidos bienalmente, os congressos regionais, a
publicação da Revista Brasileira de Ciências
do Esporte (a mais conceituada da área e indexada internacionalmente)
e os estudos desenvolvidos no âmbito de seus doze grupos
de trabalho temático (GTTs) são algumas das
ações da entidade para difundir pesquisas, debater
e manifestar idéias. Este ano, por exemplo, o CBCE
organizará o XII Congresso Brasileiro de Ciências
do Esporte (Conbrace), de 21 a 26 de outubro, em Caxambu (MG).
A programação e normas para encaminhamento de
trabalhos encontram-se à disposição dos
pesquisadores na home page www.cbce.org.br
Além
de uma diretoria nacional e dos GTTs, a estrutura organizacional
do CBCE conta ainda com secretarias estaduais, que desenvolvem
diferentes atividades, entre encontros, cursos, debates e
palestras. A secretaria estadual de São Paulo também
está sediada na FEF da Unicamp e tem como secretário
o professor Jocimar Daólio.
Uma
das questões presentes nos debates do CBCE deriva do
52º lugar ocupado pelo Brasil no quadro de medalhas em
Sydney: a educação física escolar.
Para um país sem política esportiva definida
e com sérios problemas de natureza administrativa,
o resultado na Austrália só seria outro se prevalecesse
a superação individual de um ou outro atleta,
argumenta Lino. Exceto casos como os do futebol, em que o
Brasil era grande favorito ao título, o que houve em
relação a algumas modalidades esportivas foi
uma expectativa desproporcional ao que se poderia esperar
dos atletas, criada sobretudo pelas emissoras de televisão.
Frustrada, a mídia culpou a educação
física escolar pela ausência de mais heróis
olímpicos no pódio, acusando-a de improdutiva.
O governo federal endossou as críticas e reconheceu
a necessidade de revitalização da atividade
no currículo das escolas, elevando-a à condição
de peça fundamental de um movimento pela construção
de uma nação olímpica.
Para o
presidente do CBCE, porém, a proposta de uma Educação
Física comprometida só com a busca do rendimento
físico-esportivo distorce a função da
atividade. Assim como é papel da escola ensinar
Física e não formar Einsteins, ou ensinar Português
e não criar Machados de Assis, não é
função da Educação Física
escolar promover saúde físico-esportiva para
forjar atletas, argumenta Lino.
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Mídia
é destaque em estudos
Longe
da tradicional abordagem biológica, a atividade esportiva
é rico manancial de análise para áreas
do conhecimento com as quais aparentemente não se relaciona.
Um dos exemplos mais significativos dessas novas abordagens
acadêmicas são os trabalhos, nem sempre elaborados
por profissionais de Educação Física,
que tratam da conflituosa relação entre esporte
e mídia. divulgados pelo CBCE em congressos e na Revista
Brasileira de Ciências do Esporte.
Édison
Luis Gastaldo, professor-assistente no Centro de Ciências
da Comunicação da Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (Unisinos), analisou a construção
social da realidade no chamado futebol-espetáculo,
a partir do discurso dos locutores e comentaristas das emissoras
de televisão que transmitiram a final da Copa do Mundo
da França, em 12 de julho de 1998.
Para o
autor de Os campeões do século
notas sobre a definição da realidade no futebol-espetáculo,
diversos aspectos da partida tornaram as transmissões
do jogo um interessante objeto de análise, entre eles
a mudança na tônica do discurso de narradores
e comentaristas na medida em que a seleção brasileira,
então favorita ao título de campeã, aproximava-se
da derrota. Houve ainda a controversa escalação
de Ronaldo e as ambíguas e contraditórias versões
para o problema que foram ao ar.
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CBCE
e FEF se completam
Não
é por acaso que o CBCE está sediado na FEF.
O empenho da instituição em fomentar a produção
de conhecimento na área da cultura corporal sintoniza-se
com a filosofia da Faculdade, detentora de um dos principais
programas de pós-graduação em Educação
Física no país.
Desde
1989 o mestrado produziu 193 dissertações e
seus atuais 80 alunos são o triplo da época
da implantação do curso. O doutorado, com oito
anos de existência, respondeu pela produção
de 55 teses e o número de alunos matriculados saltou
de sete em 1993 para 75 este ano.
O
qualificado corpo docente formado por professores-doutores
e a oportunidade de desenvolver pesquisas por meio de bolsas
de iniciação científica são diferenciais
que permitem ao aluno da FEF se envolver com a geração
do conhecimento ainda na graduação.
Isso faz com que o processo de aprendizagem seja muito
mais rico e, de forma natural, acaba levando o estudante aos
cursos de pós-graduação, observa
Pedro José Winterstein, diretor da FEF. Outro diferencial,
destaca ele, é o forte conteúdo humanístico
do currículo dos cursos de bacharelado, licenciatura
e pós-graduação.
Essas virtudes dão à FEF uma posição
de liderança no cenário nacional, atestada pela
freqüente participação de docentes da unidade
em expressivos eventos científicos e nos mais respeitados
órgãos de fomento de ensino e pesquisa. Era
natural, portanto, enfatiza Pedro, que uma instituição
com o perfil da FEF abrigasse o CBCE.
Trata-se
de uma entidade comprometida com a melhora da qualidade de
ensino e com o estímulo à pesquisa, como também
é a FEF. Além disso, nossos docentes têm
vínculos muito fortes com a história e com a
atuação do órgão, ressalta.
A constante preocupação em aprimorar o ensino
está levando a FEF a promover a maior mudança
em sua infraestrutura em 16 anos. A unidade planeja ampliar
em 40% suas atuais instalações com a construção
de um ginásio para artes corporais, de uma nova sala
de musculação, de uma piscina coberta e aquecida
e de novas salas de aula. As obras, conforme projeto em andamento,
deverão estar concluídas no início do
próximo ano.
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Grupos
de Trabalho Temático (GTTs) do CBCE
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>Recreação/Lazer
>Escola
>Políticas Públicas
>Pós-Graduação
>Movimentos Sociais
>Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais
>Rendimento de Alto Nível
>Comunicação/Mídia
>Epistemologia
>Formação Profissional/Campo de Trabalho
>Atividade Física e Saúde
>Memória, Cultura e Corpo
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